Publicado no VII CBEU, em 2016. Área: CV Subárea: Meio ambiente Órgão de Fomento: Nenhum órgão de fomento |
AUTORES:
Luciana Edilena Santos Guimarães (Autor) Ana Daiane Lopes Costa (Autor) Evanderson Camilo Noronha (Autor) Marcos Diones Ferreira Santana (Orientador) TAIDES TAVARES DOS SANTOS (Orientador) |
Título |
ARTE, CRENÇA E BIODIVERSIDADE: A VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO TRADICIONAL E A CONSERVAÇÃO DA AMAZÔNIA |
Palavras-Chave |
RESEX Tapajós-Arapiuns; povos tradicionais; cultura; sustentabilidade. |
Resumo |
Diante das crescentes crises ambientais geradas pelo uso indiscriminado dos recursos naturais em algumas regiões, faz-se imprescindível rever os métodos de uso da floresta. Nesse sentido, a coleta e o manejo de resíduos florestais ganharam importância social e econômica com a divulgação do conceito de manejo sustentável. Esse estudo relata o uso de recursos vegetais retirados da natureza pela comunidade tradicional Vila Franca, às margens do Rio Tapajós e pertencente a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, Pará, para produção de artesanato e manutenção da cultura nativa. Entrevistas abertas e depoimentos foram obtidos quanto à coleta e uso dos resíduos vegetais, além de relatos das crenças atribuídas aos artefatos produzidos pelos comunitários. As sementes são os recursos mais acessados da floresta, são coletadas em caminhadas e obedecem ao ciclo de reprodução das plantas, além do limite de coleta após a dispersão para evitar ausência de plantas jovens e garantir o ciclo de produção das espécies. As sementes mais requeridas são as da espécie Coix lacryma-jobi L. (Poaceae), conhecidas como lágrimas-de-Nossa-Senhora e as sementes das palmeiras (Arecaceae), como o açaí (Euterpe sp.), tucumã (Astrocaryum ssp.) e o inajá (Attalea ssp.), por serem rígidas e resistentes ao armazenamento. Estas são processadas, recebem acabamento artístico e são montadas em colares, pulseiras, brincos e anéis para então receberem o conceito de biojóias e posterior comercialização. Cada peça contém de 12 a 100 sementes e algumas acompanham complementos como o Muiraquitã [muyrakytãs (do Tupi, rã)], representação da natureza e amuleto esculpido ou entalhado nas sementes de inajá na forma de rã e que confere poder e proteção. As comunidades tradicionais se mantêm nas florestas e são importantes agentes no manejo sustentável, além da manutenção de suas culturas e crenças baseadas em traços ancestrais, contribuindo para a conservação da biodiversidade. |